Continuidade dos parques

Um homem se entretém diante da sua janela com a leitura de um romance que relata a história de dois amantes. A janela do seu escritório será a porta que o levará a ser o personagem principal do romance.

O roteiro remete para o conflito psicológico de esconder uma realidade conhecida como se fosse uma realidade ficcional. Esta questão contribui para a discussão de aspectos psicológicos que permitam compreender como as fantasias podem esconder as realidades nas quais vivemos.

O curta-metragem “Continuidade dos Parques” é um exercício de produção cinematográfica da Oficina “Cinemar o Mundo” promovida pelo Centro Municipal de Artes e Cultura de São Carlos. O curta é uma adaptação do conto homônimo do escritor e intelectual  argentino Julio Cortázar. A escolha do conto ocorreu após a seleção e leitura de alguns contos, que não fossem muito longos, e que gerasse suspense e trouxesse um fim inesperado.

Cortázar apresenta um homem de negócios que abandona a leitura de um romance por causa dos seus afazeres. Depois de algum tempo consegue voltar a leitura. O romance trata de dois amantes que se encontram em uma cabana. Cada um sai em uma direção. O amante toma o seu caminho portando uma faca. Ele passa por espaços, ao final da história descobrimos que fazem parte do cotidiano do homem de negócios. Na última cena o amante entra em uma sala e visualiza a cadeira na qual o homem de negócios está lendo o romance. O leitor do livro é ao mesmo tempo um dos seus personagens. Na nossa leitura do conto a mulher é a esposa e o leitor o marido, o qual se entretém com o romance que conta  a traição da sua esposa. A dinâmica principal do conto é que o leitor do romance também é o personagem do livro.

Na adaptação proposta aqui, o leitor lê diante da janela da sua casa, abaixo dela ocorre a cena descrita no livro. O leitor testemunha no livro/janela a traição da sua esposa.