Uma proposta metodológica para a leitura de textos em avaliação educacional

Regilson Maciel Borges e José Carlos Rothen

Uma proposta metodológica para a leitura de textos em avaliação educacional que focaliza a avaliação de programas educacionais. Utilizou-se, enquanto procedimento metodológico, a epistemologia política formulada por Rothen (2004). Da análise realizada é possível constatar que a definição do que seja avaliação é o ponto primordial para a compreensão de questões relacionadas ao seu alcance, aos seus métodos e mesmo as suas limitações. Os principais problemas apontados pelos autores enfocam, necessariamente, a questões de cunho metodológico, que acabam por incidir sobre os momentos nos quais se busca obter consenso.
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Considerações Finais

A construção do conhecimento sobre avaliação educacional no Brasil foi analisada neste trabalho a partir de textos que compõem a obra Avaliação de programas educacionais: vicissitudes, controvérsias e desafios.
Nos textos, os autores discutem quatro grandes questões. A primeira diz respeito à definição conceitual da avaliação. A segunda trata da incorporação das dimensões subjetiva e política no processo avaliativo. A terceira procura apontar métodos para a avaliação. A quarta enfoca aspectos da prática profissional da avaliação educacional.
Para cada questão os autores propõem os seguintes princípios: 1º) avaliação consiste em determinar o valor de algo para fins de tomada de decisão, ela possibilita julgar se os resultados desejados foram ou podem ser alcançados; 2º) a avaliação situase num contexto político e, como tal, revela o posicionamento político do avaliador. Os avaliadores, por sua vez, influenciam relações de poder, pois produzem informações que funcionam para satisfazer determinados interesses. As influências políticas do avaliador moldam a própria concepção do estudo-avaliativo, assim como influenciam nas escolhas das técnicas utilizadas para a coleta e análise das informações. Ressalta-se que as pressões políticas pela qual passa o avaliador podem alterar e prejudicar o estudo avaliativo, mas nem por isso ele deve obscurecer a validade dos resultados obtidos; 3º) o método através do qual se obtém informação é ponto central na avaliação, mas não existe um método único para a avaliação que convenha a todas as situações, pois o ato avaliativo é essencialmente subjetivo; 4º) o avaliador deve, no processo avaliativo, ter um plano que indique o que pretende avaliar; deve julgar se o programa é eficiente ou ineficiente, válido ou não, mas não impor seus resultados ao administrador; e deve adotar estilos diferentes para comunicar os resultados obtidos, para que atinja diferentes grupos.
É possível encontrar nos textos outros princípios que são anunciados, mas não são problematizados, é o caso da discussão em torno de questões relacionadas às funções formativa e somativa da avaliação, ao estudo de caso como forma de avaliação qualitativa, do papel da informalidade no processo avaliativo, do aprimoramento de práticas avaliativas, do fortalecimento da avaliação interna, do problema do qualitativo e quantitativo em avaliação, da divulgação e utilização dos resultados da avaliação, e de como adaptar a teoria e a prática avaliativa norte-americana a outras realidades.
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BORGES, Regilson Maciel, ROTHEN, José Carlos. Uma proposta metodológica para a leitura de textos em avaliação educacional. REGAE: Revista de Gestão e Avaliação Educacional, v. 4, p. 83-96, 2015.