José Carlos Rothen
O artigo é uma contribuição ao debate sobre o Exame Nacional de Cursos, aplicado anualmente pelo Ministério da Educação até 2003. Neste trabalho pretende-se mostrar que os conceitos divulgados pelo Ministério da Educação, ao invés de apresentarem a eventual qualidade dos cursos de graduação, a escondem ou distorcem. Para o estudo são utilizados como dados primários as notas de corte para os conceitos “A”, “B”, “C”, “D” e “E” atribuídos, desde 1999, às áreas que são avaliadas por esse instrumento. Ao compararem-se as notas de corte com a nota obtida pelo curso de melhor desempenho de cada área observa-se que há discrepâncias significativas quanto ao desempenho entre as áreas.
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Considerações finais
Se a avaliação é uma forma de adequar as ações e os procedimentos das pessoas aos valores predefinidos, se o MEC está utilizando esse instrumento parcial de avaliação para criar o vestibular das instituições de ensino superior, então pergunta-se: as instituições sérias e com menor fama, ao serem forçadas a prestar o “Vestibular do Provão”, teriam outra alternativa que a de reforçar na prática pedagógica as distorções do Provão, em transformar a graduação em cursinhos para o Provão?
Apesar de o Provão ter levado muitas Instituições a se preocuparem com a qualidade dos seus cursos, ele é desserviço à sociedade brasileira.
Primeiro, por estar criando um currículo mínimo que dificulte a implantação de propostas pedagógicas alternativas;
Segundo, por criar a ilusão de que as deficiências do Ensino Superior se reduzem às das Instituições ‘D’ e ‘E’;
Terceiro, por premiar com um selo de qualidade as instituições que transformam os seus cursos de graduação em cursinhos para o Provão;
Quarto, por diminuir a importância de outros instrumentos de avaliação;
Quinto, por reforçar a idéia de que o papel único do Estado em relação ao Ensino Superior é o de apenas avaliar as Instituições
ROTHEN, José Carlos. O vestibular do provão. Avaliação (Campinas) [online]. 2003, vol.08, n.01, pp. 27-37. ISSN 1414-4077.
Também publicado em
José Dias Sobrinho; Dilvo I. Ristoff (Org.). Avaliação e compromisso público: a educação superior em debate. 01 ed. Florianopolis: Insular, 2003, v. , p. 113-123
Veja Avaliação e Regulação da Educação Superior brasileira: história e políticas