Autor Regilson Maciel Borges
Tese de doutorado defendida na UFSCar defendida em 31/03/2017
A pesquisa analisa a configuração do campo científico da avaliação educacional no Brasil na década de 1980, tendo como ponto de partida a identificação de autores brasileiros que ajudaram a construir o campo e as suas respectivas contribuições teóricas sobre a temática em questão. A década de 1980 foi particularmente rica para a organização do campo educacional brasileiro, em especial para a avaliação, por se tratar de um período em que foram formuladas as primeiras experiências sistematizadas de avaliação para a educação no país (Edurural/1981, Paru/1983, Cnres/1985, Geres/1986), período no qual também se acumulou considerável conhecimento sobre avaliação da educação, e que acabaram se constituindo como principais referências teóricas para a temática. Diante disso, discutimos a seguinte questão: qual era a configuração do campo científico da avaliação educacional brasileira na década de 1980? A fim de responder a esse questionamento, realizamos uma pesquisa de caráter bibliográfica e documental, associada às estratégias dos estudos bibliométricos e à análise de conteúdo. Essa metodologia foi desenvolvida em quatro etapas: 1) Revisão da bibliografia; 2) Coleta e organização das fontes; 3) Análise e interpretação dos dados; e 4) Apresentação dos resultados da pesquisa. Nossa hipótese é a de que foi nos anos 1980 que começaram a ser delineadas as duas principais abordagens de avaliação que embasaram as discussões em torno da avaliação educacional no Brasil: uma fundamentada principalmente na mensuração dos resultados e outra que defende prioritariamente a participação nos processos avaliativos. Os resultados buscam explicitar o entendimento dos autores analisados em torno do que é avaliação, de quais são os atores responsáveis pelo processo de avaliação, de quais as metodologias defendidas na realização dos processos avaliativos e de quais os usos dos resultados da avaliação. São recorrentes no período os seguintes posicionamentos: a) a avaliação aparece como uma atividade inerente ao fazer humano, e por isso não pode se reduzir a uma ação mecânica, pois implica numa relação de poder e de negociação entre avaliador e avaliado; b) do avaliador é exigida maturidade e experiência profissional para lidar com as atividades complexas que decorrem do processo de avaliação; c) as metodologias de avaliação não possuem um padrão único, pois elas variam de acordo com o que está sendo avaliado e com a expertise do avaliador; e d) quanto ao uso dos resultados da avaliação, o ideal é que eles fossem tornados públicos o mais cedo possível para ajudar na tomada de decisões que visem a melhoria do que foi avaliado. A pesquisa mostra ainda que ser partidário de uma das abordagens de avaliação, além de representar os interesses de agentes que defendem e põem em prática fundamentos que orientam o entendimento acerca do que é avaliação, quem deve conduzir o processo, como deve ser realizada e do que fazer com os seus resultados, também revela os conceitos mais gerais que dão sustentação a própria existência do campo. Nossa conclusão é a de que o campo científico da avaliação educacional no Brasil na década de 1980 se encontrava em processo de constituição e sua lógica de funcionamento se baseava mais na complementaridade das ideias sobre o tema da avaliação do que nos conflitos e competições.