O texto apresenta uma meta-avaliação das políticas de cotas em universidades estaduais paranaenses. O objetivo foi analisar os processos avaliativos dessas políticas quanto a semelhanças e diferenças, potencialidades e limites, estratégias e procedimentos utilizados. Foram realizadas análise documental e entrevistas, sistematizadas com a análise do conteúdo. Utilizou-se ainda o ciclo de políticas para análise dos dados. Observou-se a necessidade de qualificação dos processos avaliativos, formação de corpo técnico, desenvolvimento de métodos e estratégias de avaliação de políticas de cotas adequadas às diferentes situações e produção de conhecimento acerca da avaliação enquanto campo epistemológico. Conclui-se que o processo de avaliação não ocorreu efetivamente pelo receio de que a avaliação fosse usada como uma forma de recuar na reserva de vagas. Destaca-se a importância de que sejam realizadas discussões mais aprofundadas sobre as cotas.
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Considerações finais
Percebeu-se nesta meta-avaliação que o processo de avaliação foi temido pelas instituições, especialmente pelos atores envolvidos na aprovação das políticas. Conclui-se então que as avaliações não ocorreram efetivamente porque as institui- ções e/ou os atores envolvidos receavam que a avaliação fosse usada como instrumento para negação das cotas, ou seja, uma forma de recuar na reserva de vagas.
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Depreendeu-se também que a avaliação da execução não é tratada como uma proposta para melhoria da execução da política, pela forte tensão que permeia a reserva de vagas nas instituições pesquisadas. Por isso, os atores usaram as avaliações no sentido de legitimação das cotas
Assim, destaca-se a importância de que sejam realizadas discussões mais aprofundadas sobre cotas e defende-se a formação de corpo técnico, desenvolvimento de métodos e estratégias adequados às diferentes situações e produ- ção de conhecimento acerca da avaliação enquanto campo epistemológico, bem como o contínuo debate sobre o papel da política de cotas para redução das desigualdades. Isso tudo para que haja a realização de avaliações críticas, processuais e emancipatórias.
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Os dados apresentados indicaram ainda outro fator relevante e que merece reflexão: a fragilidade institucional das universidades públicas brasileiras. Vivemos tempos temerosos, de sucateamento das instituições e um discurso privatizante como nunca antes visto. Neste estudo, ficou claro que a universidade não goza de estrutura adequada para produção e socialização do conhecimento, não tem funcionários em número suficiente, e isso resulta na falta de dados organizados que possibilitem processos avaliativos com mais qualidade
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Embora a visão sobre avaliação adotada a considere um valioso instrumento de transformação das realidades, ela não tem condições de resolver todos os problemas da sociedade. Ressalta-se, então, seu potencial transformador, não seu poder individual. Essa consciência acerca da limitação da avaliação atribui aos sujeitos a responsabilidade pela sua realização e utilização dos resultados não restritos à regulação, mas de forma que levem à construção de uma sociedade mais justa e consciente.
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