As avaliações em larga escala que ocorreram nos anos de 1990 passaram a ter ampla visibilidade na mídia, Jaime Farias Dresch faz uma provocante análise de como os processos de avaliação influenciaram as políticas públicas de avaliação para a educação, em que a mídia teve uma atuação importante ao noticiar os resultados dos processos. A atuação da mídia estava em utilizar o potencial de noticiabilidade dos rankings educacionais, buscando seduzir o leitor/telespectador, ou seja, tornando a avaliação uma atração, reduzindo a educação a um produto a ser explorado, portanto em uma lógica de concorrência mercantil.
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Ao longo da construção argumentativa, Jaime Faria Dresch trabalha o conceito de avaliação atrelado ao accountability, apontando que não há uma tradução para a língua portuguesa, mas pode ser assemelhado à “prestação de contas” e “responsabilização”. A aproximação da avaliação ao accountability, num sentido restrito à construção de rankings, provoca a desvinculação da perspectiva da avaliação como subsidiária para o processo de aprendizagem. Em contraponto, os resultados, para serem noticiados na forma de ranqueamento das notas, conduzem a avaliação ao “fazer provas” sem abordar a eficácia social da educação.
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A avaliação, com isso, passa a ter um esvaziamento das discussões acerca da sua importância como instrumento para a busca da eficácia social da educação. Os parâmetros do que se deve ou não ser aprendido na escola acabam se transformando em discussões relacionadas à rankings, que passam a classificar e atender o contexto da concorrência mercantil. A lógica da concorrência mercantil compreende que se as instituições concorrem entre si, isso pode levar à melhoria da oferta do ensino, pois só permaneceriam no cenário educacional as instituições que superassem as concorrentes.
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A lógica da concorrência mercantil retira o foco dos processos educacionais e da construção de um espaço democrático que as avaliações poderiam proporcionar e, focalizam a atenção nos resultados apenas, valendo-se daquela velha máxima de Maquiavel, “os fins justificam os meios”. Com isso, a mídia legitima as políticas de avaliação voltadas para o ranqueamento e classificação.
[Resenha elaborada por Joelma dos Santos Bernardes]
Referência
Capítulo “Avaliação da educação e o cenário midiatizado da responsabilização” de Jaime Farias Dresch
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Avaliação da educação: referências para uma primeira conversa de José Carlos Rothen está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.