Andréia da Cunha Malheiros Santana José Carlos Rothen
Este artigo é parte de uma pesquisa de pós-doutorado e tem como objetivo pontuar o surgimento e consolidação da avaliação externa intitulada SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) como uma política pública neoliberal que visa aumentar o controle do Estado sobre o que é ensinado na educação básica e estimular a competição entre as escolas. Como conclusão, apontamos a necessidade da avaliação ser utilizada de outra forma, superando o ranqueamento e a competição a qual vem servindo e passando a guiar ações dentro da escola. Ações estas que estimulem o diálogo e a participação de todos na busca por uma escola de qualidade.
Conclusão
A maneira como a avaliação externa tem sido realizada contribui para o processo de responsabilização da escola, para uma relação assimétrica na qual as avaliações se apresentam como detentoras de uma verdade únic a, reforça ndo o estreitamento do currículo, a exclusão dentro da escola , a competição, o ranqueamento das instituições e a desvalorização dos profissionais do magistério , o que não produz a qualidade do ensino . Entretanto, as avaliações têm potencial para serem trabalhadas de modo diferente e contribuírem para o aumento da qualidade da educação básica, elas podem servir de instrumentos para o diálogo, propiciando momentos de formação continuada dentro da escola .
Para que o diálogo ocorra e os resultados possam ser trabalhados a fim de melhorar a qualidade da educação, é preciso que os sistemas de ensino não tenham como intenção responsabilizar as escolas pelos fracassos encontrados, nem que a sua intenção seja avaliar e supervisionar os professores.
Um diálogo entre representantes de enfoques diferentes agrega ria novos olhares para a avaliação externa possibilitando que ela se torne um instrumento mais criterioso e útil para a escola. Nesta perspectiva dialógica, a interação entre avaliação externa e escola se apresenta como uma via de mão dupla, na qual ambos têm algo a aprender um com o outro, cada um domina um saber e a partir da interação todos ganham.
A avaliação não é boa ou má por si só, o que é preciso é investigar o uso destes resultados e superar a lógica do ranqueamento que faz uma escola se comparar com a outra, que faz uma escola ser tachada de pior e a outra de melhor, sem que façamos nada para que as duas sejam boas. Como já disse Freitas (2002) , uma educação de qualidade passa pela questão da quantidade, pois é preciso garantir qualidade de educação para todos e não apenas para uns. Admitir que escolas tenham um nível desigual é admitir que algumas crianças, na maioria das vezes as mais pobres, tenham menos acesso a um ensino de qualidade.
A avaliação externa somente contribuirá para o aumento da qualidade de ensino quando for discutida pelos profissionais de dentro da escola, quando for acompanhada de um processo de avaliação interna que pense em estratégias para que os alunos consigam aprender mais e de forma mais significativa.