Autor Jaime Farias [Dresch]
Tese de doutorado defendida na UFSCar em 06/03/2015
A pesquisa tem como base os enunciados que circulam na relação política/imprensa, a partir dos quais são analisados os enunciados relacionados ao Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP). Para isto, foram selecionados textos de dois jornais de naturezas distintas, publicados entre os anos de 1995, início do governo de Mario Covas, que implantou o SARESP e 2010, último ano do governo de José Serra. A Folha de S. Paulo caracteriza-se como um jornal diário, comercial, de abrangência nacional, cujas atividades estão fundamentadas na lógica empresarial, articuladas às demandas de uma linha industrial de produção de notícias. O Jornal da APEOESP é um veículo de informação do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), com circulação dirigida aos sócios, distribuição gratuita e periodicidade variável, cujas práticas jornalísticas vinculam-se aos conflitos subjacentes à defesa dos direitos da categoria docente. O SARESP é um instrumento de avaliação externa da rede de ensino de São Paulo, implantado em 1996. Consiste de um exame aplicado a todos os alunos de determinadas séries, sendo obrigatório nas escolas estaduais e por adesão nas redes municipais e privada. Como fundamentação teórica à análise dos textos dos jornais, destacam-se noções foucaultianas de poder, enunciado, discurso e regime de verdade. O estudo teve como objetivo identificar na relação política/imprensa certos enunciados considerados “verdadeiros“, relacionados ao SARESP. Buscou-se identificar aspectos das práticas midiáticas que indicassem a constituição de um “discurso de performatividade“, decorrente da valorização de critérios de eficiência e de inovação, relacionados ao processo de reforma política de orientação neoliberal. O estudo da participação da imprensa na circulação do discurso da performatividade permitiu constatar uma “impressão” de consenso acerca do SARESP. Ainda que os efeitos deste processo tenham atuado no sentido de interditar outros discursos possíveis, percebeu-se a existência de certos enunciados que vieram constituir um “discurso de resistência “, relacionado às críticas aos critérios de performatividade. Conclui-se, neste sentido, que aos enunciados relacionados à melhoria da qualidade da educação interligam-se aos enunciados que tratam o SARESP como medida legítima de qualidade, caracterizando a preponderância do “discurso de performatividade“, todavia, associado e em relação constante com as diferentes configurações do “discurso de resistência“.