Autora Fabiana Vilela Tánnus
Nesta dissertação, intentou-se reconhecer o posicionamento católico para o Ensino Superior brasileiro, expresso na Revista de Cultura Vozes na década de 1960. Concentrou-se nas edições entre janeiro de 1961 (ano da promulgação da LDB/1961) até o final de 1969 (ano seguinte à promulgação da Lei da Reforma Universitária).
Na investigação, buscou-se inspiração metodológica na tese de Rothen (2004) acerca do exercício de poder dos aparelhos de Estado. Supôs-se que a criação e disseminação de mentalidades e/ou saberes, por meio de uma tribuna, atingindo os leitores (possíveis e “imaginados”) poderia ter como fim, entre outros, avanços na legislação. Significa o discurso de um grupo funcionando como instrumento de pressão sobre os legisladores, somados aos relacionamentos com outros atores sociais.
A década de 1960 – período em que aconteceram mobilizações sociais, e o governo militar promovia diversas ações tencionando legitimar as reformas – foi marcada pela presença de atores sociais que, naquele momento, se inseriam nas discussões. No seio de intensa mobilização social, com vistas a influir nos rumos da Educação Superior no Brasil, era de se esperar que o pensamento católico tomasse posição ativa para a construção de um saber que atendesse a seus preceitos e interesses.
Os debates travados entre o ideário liberal – “Escola Nova” – e o ideário tradicional católico vinham acontecendo desde o início do século XX. A percepção dessas duas vertentes educacionais, bem como a trajetória, os modelos e as diretrizes católicas possibilitaram a identificação de “momentos”, nos quais a postura educacional católica se transformou. Eventos marcantes promoveram a troca de mentalidade na intelectualidade laica e eclesiástica.
Discutiram-se os princípios básicos da filosofia universitária católica e suas exigências fundamentais, tendo como referência a posição de Alceu Amoroso Lima, que apontou diretrizes no sentido de “vivificar” o Espírito Universitário, na visão educacional católica para o Ensino Superior.
No início da década de 1960, apoiando o golpe, havia uma clara orientação tradicional anticomunista opondo-se ao sindicalismo, reforma agrária, movimento estudantil etc.
Como um divisor de águas, a realização do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-5), reforçado pela Conferência Episcopal Latino Americana (Medellín, 1968), definiu uma nova dimensão – social – da Igreja, “Povo de Deus”. A Educação para o Desenvolvimento passou a marcar as discussões, dando novo caráter à revista.
Concluí-se que, na década de 1960, na Revista de Cultura Vozes, era expressa a seguinte concepção católica do Ensino Superior: a educação, a formação, e a cultura, como processos sucessivos e integrados, deveriam ser perseguidos para que a universidade cumprisse a sua missão de preparar líderes para promover o desenvolvimento das nações e os quadros técnico-profissionais lapidados na perspectiva da consciência moral e ética.
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Defendida na Unitri em 13 de maio de 2008