Tecnocracia capitalista: fundamentos e implicações para a educação

Autor Flávio dos Reis

Tese de doutorado defendida na UFSCar em 27/02/2014

O objetivo central deste estudo é o de explicitar as formulações tecnocráticas utilizadas pelo capitalismo, mediante o emprego do conhecimento técnico e científico do mundo material, para intervir nas estruturas institucionais da sociedade, tendo em vista a (re)organização do sistema socioeconômico, sobretudo em período de crises acentuadas. Estudar as proposições tecnocráticas nos distintos contextos históricos que envolveram as estruturas da sociedade, o Estado e a Educação na realidade capitalista exigiu referenciais teóricos da sociologia, da economia, da educação, da sociologia econômica, da economia política, da história e da economia da educação. Limitamos o nosso universo de análise ao compêndio das teorias que entendemos serem as mais substanciais para a realização da pesquisa, na perspectiva de identificar os princípios e/ou fundamentos que caracterizaram as propostas tecnocráticas para a administração da sociedade e suas implicações para a educação. Dividimos o estudo em quatro momentos distintos: no primeiro estágio, recorremos aos escritos de Saint Simon e de Thorstein Veblen para caracterizar a tecnocracia em seus aspectos político-sociais; no segundo estágio, concentramos as nossas análises nos estudos de Max Weber e nas proposições de Frederick Taylor e de Henri Fayol, para expressar o caráter políticoadministrativo da tecnocracia; no terceiro estágio analisamos as teses de John Keynes e as teorias de Theodore Schultz, para exprimir a finalidade político-econômica intervencionista da tecnocracia; e no quarto estágio, examinamos as críticas e proposições de August Von Hayek e de Milton Friedman, para caracterizar a tecnocracia em sua disposição políticoeconômica liberal. Concluímos que os fundamentos tecnocráticos constituem o conjunto de dispositivos e estratégias racionalmente construídos por intelectuais, altamente especializados em seus campos de atuação, para mediar, fiscalizar, controlar e dirigir a sociedade e suas dinâmicas relações, considerando os seus aspectos e condições econômicas, políticas e sociais, em função das necessidades determinadas pelas realidades históricas que caracterizam o universo capitalista.