Gramsci, as revistas, o intelectual e a educação

Gramsci, as revistas o intelectual e a educação

Neste artigo, abordamos a forma como Gramsci compreendeu o importante papel dos periódicos, principalmente, as revistas como meio difusor de uma nova concepção de mundo na vida do operariado e do povo em geral. Para que os periódicos atinjam seus objetivos, é necessário que se estabeleça o princípio educativo, em que intelectuais orgânicos e subalternos da sociedade estabelecem a troca de saberes. Assim, constatamos que o intercâmbio educacional, dá-se dentro das revistas, como ocorreu com os periódicos L’Ordine Nuovo e Il Grido. Desse modo, segundo Gramsci, os periódicos foram decisivos para que o operariado de seu tempo pudesse compreender a própria realidade e os mecanismos de exploração da classe dominante. Desta forma, se estabelece a chamada guerra de posição. Em outras palavras, as batalhas que são travadas nas revistas e na sociedade civil em busca da hegemonia e, consequentemente, da reforma intelectual e moral.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste artigo, buscamos compreender como Gramsci elaborou uma análise sobre os periódicos, principalmente, o papel das revistas como instrumentos de uma reforma intelectual e moral. Para tanto, Gramsci, procurou entender o alcance dos periódicos como meio difusor educacional. Cada periódico possui seu escopo, público leitor, procurando atingir um determinado grupo, tendo em vista a construção de um edifício cultural, uma nova concepção de mundo. De fato, as revistas tornaram-se elementos de difusão de uma nova cultura, de novas ideias, para a conquista da hegemonia.
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Assim, as revistas tornaram-se elementos indispensáveis para a prática educativa do proletariado, principalmente, a L’Ordine Nuovo e Il’Grido, que foram experiências que Gramsci obteve na sua atuação de intelectual orgânico. As revistas tornaram-se “campos de batalha” para as chamada guerras de posição, que, segundo Gramsci, é a forma de organizar a sociedade política e culturalmente.

Desta forma, nas páginas das revistas, tornou-se possível o intercâmbio educativo entre intelectuais e proletariado, no qual o educando educa o educador, já que este último nem sempre percebe a realidade dos subalternos. Com o princípio educativo, tornou-se possível que o proletariado turinense deixasse o senso comum para chegar ao bom senso. Assim, compreendessem a própria realidade, os mecanismos da classe dominante para a manutenção do Estado burguês. Pode-se afirmar que as experiências obtidas por Gramsci foram de uma reforma moral e cultural, que culminam na elevação educacional e intelectual do operariado.

O alcance do princípio educativo estende-se tanto ao operariado, quanto ao intelectual orgânico. Este intelectual aprende o que, de fato, é a realidade dos subalternos, uma vez que são suprimidas as noções metafísicas, alienantes dos intelectuais tradicionais, que possuem o papel de manutenção da ideologia da classe dominante. Os intelectuais e o proletariado (povo) possuem nesta perspectiva, protagonismo e capacidade intelectiva para fazer a leitura da sociedade capitalista e propor a reforma intelectual e moral na busca da hegemonia, através da revolução passiva.

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Palavras-Chave: Gramsci; Princípio Educativo; Guerra de Posição; Revistas

REIS, Egberto Pereira dos; ROTHEN, José Carlos. Gramsci, as revistas, o intelectual e a educação. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 34, e178809, 2018. Doi http://dx.doi.org/10.1590/0102-4698178809